Como preencher páginas em branco? Já li em algum lugar que não há nada mais difícil para um pintor do que uma tela em branco ou uma página vazia para um escritor. Meu ofício não é escrever, embora tenha inventado este blog, mas fico pensando que danado de difícil deve ser viver de criar, seja com as palavras ou com as tintas. Como imprimir cores ao que às vezes nem é tão colorido? Ou, como mostrar os meios-tons do preto e branco? Ou ainda, como retratar as cores que tomam de assalto nossa razão ou nossa emoção? Ganhei dois moleskines, aquele caderno chique, com ar retrô e folhas em creme suave, que segundo se diz era companheiro inseparável de Hemingway, Picasso e outros. Um é pautado com capa vermelha e outro é sem pauta com capa preta. Resolvi usar o segundo no trabalho, onde é mais fácil ou menos comprometedor preencher os espaços. O primeiro separei para o blog. Aqueles risquinhos me fazem não me sentir tão desamparada, tão só. E ele é vermelho. Tem cor mesmo que seja na capa. Tenho feito algumas anotações que podem ser objeto de algum relato ou reflexão. São ideias, vontades e até inspirações, mas sempre me perco em se e como desenvolver. Sinto-me compelida a retratar de uma ou de outra forma, enfatizando um aspecto ou outro, e acabo me perdendo no novelo no qual me enredo tentando ser explicadinha como sempre sou! Neste labirinto sinto-me puxada para todos os lados e acabo sucumbindo à impotência que me atinge. Sem saber de que forma me expressar, as páginas agora brancas do computador, onde tento dar forma à matéria bruta registrada no moleskine, permanecem vazias. Ainda bem que a crítica maior vem de mim mesma, que não tenho uma reputação artística a zelar. Consolo-me pensando que se fosse fácil criar teríamos muito mais obras de arte. E, assim, continuo anotando em meu moleskine...
