quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A Casa da Árvore



Era uma vez um lugar muito divertido. Lá a vida era lúdica como em nenhum outro. Era a Casa da Árvore. Trabalhava-se muito por lá, pois a função da Casa era dar sentido a construções linguísticas quase sempre elaboradas às pressas pelos moradores da sede. As que lá viviam tinham as palavras como matéria prima e, para tanto, consultavam e consultavam gramáticas e dicionários.

Um dia, uma maluquinha que vivia na vizinhança avisou às amigas da Casa da Árvore que iria para longe. Ela sentia a alegria esvair-se e não queria viver triste, sem criatividade e magia a envolvê-la. E aí as generosas e acolhedoras habitantes da Casa da Árvore a convidaram:

- Venha para cá!

E a maluquinha, entre atordoada e feliz, recebeu aquele convite imperativo e resolveu aceitá-lo. Desde então, muito desajeitada no pequeno galhinho que a sustenta, tem insistido em relembrar e estudar as lições de outrora, quando as concordâncias verbal e nominal eram puro exercício teórico. Para tanto, tem buscado, também nas papelarias, as ferramentas necessárias: são canetinhas, borrachas, marcadores, clipes e cadernos coloridos, além de pastas transparentes para organizar as lições aprendidas no dia a dia.

A maluquinha está feliz, a trabalhar perdida entre vírgulas, crases e azimutes e a receber amigos que gostam de folhas de bananeira, sob os olhares complacentes e compreensivos das amigas da Casa da Árvore. Obrigada, Meninas queridas!




terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tabaco


Comecei a fumar muito cedo. Meu pai e meu irmão eram fumantes e naquela época o fumo não só era aceito socialmente, como era “glamourizado”. As companhias aéreas (pasmem!) distribuíam pequenas cigarreiras com quatro ou cinco cigarros. Foram estes os meus primeiros “amigos”. E eles me acompanharam por muitos e muitos anos. Éramos inseparáveis: eu e o tabaco.

Na década de oitenta ensaiei as primeiras traições ao “amigo”. Parei diversas vezes por curtos períodos, sendo que em uma das vezes fiquei um ano sem pitar.

Mas, como nos separamos de alguém que nos acompanha nos momentos felizes ou tristes, nas horas de trabalho ou lazer, em casa ou nas viagens? Não pensem que foi um erro chamar o cigarro de alguém, porque a companhia faz dele quase um confidente, um amigo, um amante. Ele se transfigura, tornando muito difícil nos afastarmos dele.

Aí, em 1999, veio o grande choque. Meu irmão recebeu o diagnóstico terrível: câncer na boca. Foi impressionante como consegui me libertar daquele suposto “amigo” imediatamente. O traiçoeiro!

Mas a vida segue, as experiências e fatos vão se sobrepondo e eu novamente caí em tentação. Foi à beira mar que comprei meu primeiro cigarro, depois de seis anos sem fumar, e acabei novamente imersa no vício.

Agora estou novamente sem fumar há 1 ano e 4 meses. Ok, eu confesso, dei uma escorregada lá em Floripa. Novamente à beira mar!

Longe de mim querer reprimir, mas como o Mansardas funciona como uma forma de pensar auto e alto, quero dizer que o melhor é não se associar ao tabaco. Mais uma vez, ele é traiçoeiro. No início te deixa enjoado, você abomina o cheiro que deixa no seu corpo, roupas, ambiente. Mas, depois, a química fala mais alto e te domina. E é um contrassenso, porque em geral começamos o vício na adolescência, fase onde mais reivindicamos liberdade e autonomia. Não aprendam. Se não for pela saúde, que seja porque, se antigamente havia charme no hábito de fumar, hoje é muito “working class”. Reparem!

domingo, 21 de agosto de 2011

100 Anos de Machu Picchu




Há exatamente 100 anos, Hiram Bingham descobria o sítio arqueológico de Machu Picchu. Até hoje não se sabe exatamente o papel de Machu Picchu no mundo Inca, mas o fato é que aquele lugar, mesmo que o sítio não existisse, é mágico. Aquelas montanhas e vales são fantásticos, não só no sentido da beleza, mas do inexplicável.

Lá se vão 5 anos (2006). Mas a visão daquele lugar não sai da minha retina nem da minha memória. Depois de dormir em Águas Calientes, tive a felicidade de subir para Machu Picchu ainda de madrugada, entrando no parque às primeiras horas da manhã. A cidade estava vazia e foi algo inesquecível passear por aqueles caminhos e subir aquelas escadas sem o barulho do formigueiro humano que se avizinha mais tarde, já que os que viajam de Cusco só chegam lá pelas 10 ou 11 horas.

Pode-se dizer que há algo de sobrenatural por ali, que o espaço convida à reflexão sobre a humanidade ou sobre nossas próprias vidinhas. Ninguém visita Machu Picchu impunemente. Nossas consciências, pessoal e do mundo, são mobilizadas de tal forma pela energia do lugar que não se sabe como nem porque, mas saímos de lá diferentes.

Ao voltar para Cusco, um ou dois dias depois, tive uma crise de choro até hoje inexplicável. Pensando bem, acho que foram os ares de Machu Picchu que provocaram aquele Urubamba de lágrimas. As emoções estavam à flor da pele e tinha que dar vazão da maneira mais coerente com meu temperamento: chorando.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobrevoo ....


Ando muito mobilizada pela minha saúde, mas tento acompanhar o que acontece no mundo, como sempre fiz. Enquanto os médicos me observam, tento observar o resto. As notícias de maneira geral andam ruins. E entre jornais, revistas, internet e a biografia do Lobão, fico sobrevoando .....

Aqui no Brasil, quase um mês atrás, morreu Itamar Franco. O cara era tinhoso, marrento, mas tudo indica que honesto. O que parecia um grande erro, ser vice do Collor, acabou “salvando” o País, já que assumiu a Presidência e não cedeu aos que pretendiam até fechar o Congresso no meio de toda aquela crise. Afinal, os tempos eram difíceis, além de PC Farias havia o escândalo dos anões do orçamento. Fico imaginando aquele topete, voando por aí a bordo de um fusquinha. Isso sim se chama cabelo nas ventas! Pena que não sei desenhar!

Enquanto isto, nos Estados Unidos, Obama discute com os republicanos um aumento no cheque especial dos Estados Unidos. Só que, de olho nas eleições do ano que vem, a oposição faz jogo duríssimo. Dois de agosto é o dia D.

E lá se foi Amy Winehouse. Morte anunciada é verdade, mas sempre chocante. Mentes torturadas, presentes em todas as artes, mexem com o meu imaginário. Me fazem pensar que a inteligência artística é incompatível com a inteligência emocional. Testar limites para criar, para produzir arte. É justo que nós, os “funcionários públicos” da vida, usufruamos das obras produzidas por estes talentos?

E por falar em limites, esta semana houve o último voo de um ônibus espacial americano. Com a volta do Atlantis encerra-se um ciclo. E, embora a ciência não tenha como base a aventura, muitos pagaram com a própria vida. Pois é, nas ciências também existem os visionários e os sonhadores. O curioso é que agora, sem os ônibus espaciais, os americanos vão precisar da carona dos russos para ir até a estação espacial internacional. Quem diria, hein!!!!!!!!!

E eis que, enquanto isto, uma mente perturbada choca um reino distante, para nós dos trópicos, quase um reino encantado. Um outro tipo de atormentado acaba com a “inocência” do conto de fadas. Com alto índice de desenvolvimento humano e pouquíssima violência a Noruega entrou em estado de choque. E acordou do sonho.

Enfim, sobrevoando ...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Amigas do coração


Ana Lígia, Andréa, Calíope, Carmita, Cida, Clarice, Cris Baeta, Cris Jardim, Cristina, Debrinha, Denize, Dirna, Eliana, Fernanda, Heluísa, Ivana, Janice, Kátia, Lala, Leleta, Lili, Lilian, Lúcia, Matié, Mônica, Nádia, Neide, Patrícia, Renata, Rosa, Sandra, Sarah, Silvana, Tânia, Tereza, Valentina, Waléria, Wilma.... Não, não é uma mera lista de nomes femininos, mas uma lista de amigas do coração.

Em 9 de abril de 2010, ao fazer um ecocardiograma, recebi o diagnóstico de pericardite com derrame pericárdico moderado. Fui encaminhada direto para a emergência cardiológica e depois para a internação. Naquele momento, as amigas do coração entraram em ação. Kátia e Lili foram incansáveis durante os 21 dias de internação, uma cirurgia para drenagem e biópsia, com pós-operatório em UTI, mais 12 dias de internação e incontáveis exames e consultas.

Minha Mãe tinha então 84 anos e não temos família próxima. Eu me preocupava muito com ela. E aí, novamente, minhas amigas do coração começaram a agir.
Para cuidar da Mãe imediatamente surgiram Lili, amiga desde sempre, Silvana, sobrinha querida, Eliana e Heluísa, primas, e Cristina, mulher do Divino, chefe dos porteiros do meu edifício há mais de 30 anos. E assim pude ficar no hospital sabendo que ela estava protegida.

Com minha Mãe bem, as amigas do coração começaram a buscar companhia e conforto para mim. E aí Katinha, de novo, foi mais do que especial. Ela organizou uma lista de voluntárias para me acompanhar e dormir comigo no hospital. Digo voluntárias, no feminino, porque os amigos podiam me visitar e amparar, mas segundo ela dormir não! Chegou a ser ameaçada de discriminação (caro Wellington, não era isto!)!

Revistas, livros, orações, medalhinhas, umas comidinhas escondidas e até uma linda boneca de pano (presente da Ana Lígia), que Silvana batizou de Valentina, me acompanharam durante a internação. E me emociono em pensar o quanto sou feliz por ter pessoas assim perto de mim. Obrigada a todas e, como escrevo mais de um ano depois, me perdoem se não lembrei de algum nome. Alguns anos atrás, eu, Kátia e Nádia brincávamos no trabalho que éramos as meninas superpoderosas. Mas superpoderosas são todas estas minhas amigas, mais do que nunca do coração.

sábado, 25 de junho de 2011

Mulher salgado


Há mais de um ano não passo por aqui. Pelo último post, aí embaixo, pode parecer que foi falta de inspiração, mas não foi. Estive doente. Pois é, fui internada duas vezes e parte do tratamento consistiu em grandes doses de corticóide. Depois de um tempo, me olhava no espelho e não conseguia me reconhecer de tão inchada e gorda. Já melhorei um pouco, embora ainda esteja muito acima do meu padrão. Mas resolvi tocar a vida com bom humor e me autodenominar a “Mulher Salgado”: com cinturinha de quibe e braços e pernas de coxinha. Paciência! As fotos são de janeiro e de fevereiro (Guarda do Embaú).



sexta-feira, 12 de março de 2010

Páginas em branco


Como preencher páginas em branco? Já li em algum lugar que não há nada mais difícil para um pintor do que uma tela em branco ou uma página vazia para um escritor. Meu ofício não é escrever, embora tenha inventado este blog, mas fico pensando que danado de difícil deve ser viver de criar, seja com as palavras ou com as tintas. Como imprimir cores ao que às vezes nem é tão colorido? Ou, como mostrar os meios-tons do preto e branco? Ou ainda, como retratar as cores que tomam de assalto nossa razão ou nossa emoção? Ganhei dois moleskines, aquele caderno chique, com ar retrô e folhas em creme suave, que segundo se diz era companheiro inseparável de Hemingway, Picasso e outros. Um é pautado com capa vermelha e outro é sem pauta com capa preta. Resolvi usar o segundo no trabalho, onde é mais fácil ou menos comprometedor preencher os espaços. O primeiro separei para o blog. Aqueles risquinhos me fazem não me sentir tão desamparada, tão só. E ele é vermelho. Tem cor mesmo que seja na capa. Tenho feito algumas anotações que podem ser objeto de algum relato ou reflexão. São ideias, vontades e até inspirações, mas sempre me perco em se e como desenvolver. Sinto-me compelida a retratar de uma ou de outra forma, enfatizando um aspecto ou outro, e acabo me perdendo no novelo no qual me enredo tentando ser explicadinha como sempre sou! Neste labirinto sinto-me puxada para todos os lados e acabo sucumbindo à impotência que me atinge. Sem saber de que forma me expressar, as páginas agora brancas do computador, onde tento dar forma à matéria bruta registrada no moleskine, permanecem vazias. Ainda bem que a crítica maior vem de mim mesma, que não tenho uma reputação artística a zelar. Consolo-me pensando que se fosse fácil criar teríamos muito mais obras de arte. E, assim, continuo anotando em meu moleskine...


sexta-feira, 5 de março de 2010

Evolução....