domingo, 17 de janeiro de 2010

Imagine

Quando do assassinato de John Lennon, em dezembro de 1980, a revista Veja publicou traduções feitas por Millôr e Drummond para três poemas de Lennon. Uma palavra aqui outra ali fazem estas traduções mais ricas do que as feitas por pobres mortais como nós. Guardei a revista durante anos e ao procurá-la agora fiquei tristíssima. Abri armários, gavetas e baús e não consegui encontrá-la. Já dava as traduções como perdidas, até que me ocorreu checar o site da revista. Pois bem, elas estão lá, disponíveis no acervo digital. Agora felicíssima, coloco abaixo a versão de Millôr para Imagine. Vejam, também, o vídeo.

Imagine

Imagine que não há céu
É fácil, basta tentar
Nenhum inferno embaixo de nós
E, em cima, só firmamento
Imagine todo mundo
Vivendo pro dia de hoje.

Imagine não haver países
Não é difícil imaginar
Nada por que matar ou morrer
Nem religião também
Imagine todo mundo
Vivendo sua vida em paz.

Imagine não haver posses
Duvido que você possa
Sem lugar para a gula ou a fome, uma fraternidade do homem
Imagine todo mundo partilhando todo mundo
Você pode dizer que estou sonhando
Mas não sou o único não
Espero que um dia você se junte a nós
E o mundo será uma coisa só.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Haiti

Há pouco estávamos todos consternados com as tragédias que se abateram sobre o Brasil em consequência das chuvas. Certo é que não há como valorar ou comparar o infortúnio das famílias que choram suas perdas humanas e materiais. Mas, diante do terremoto no Haiti, nossa dor parece menor. Aqui haviam hospitais, escolas, igrejas, galpões para receber os feridos, desabrigados ou desalojados. Lá a população vaga sem rumo, completamente desamparada naquele cenário de horror. Aos problemas políticos, econômicos e sociais se somam as catástrofes naturais. E o Haiti, que se pensava virando devagar as páginas de uma história marcada por dificuldades, mergulha no mais sombrio dos futuros: aquele sem perspectivas. Espera-se que a comunidade internacional tenha sensibilidade para ajudar aquele povo tão sofrido.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Óculos do Drummond



E os óculos do Drummond foram roubados mais uma vez. É a sexta vez. O vândalo certamente é míope. Miopia cultural, artística e não aquela que se corrige com lentes. Agora nosso amigo, pobre Drummond, tão discreto em vida, será vigiado dia e noite.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Viajando

Estive viajando, por isso estava sumida. Andei curtindo minha mineirice e, também, tomando um banho de mar. Afinal, ninguém é de ferro! Nas Geraes encontrei a família e passei o Natal na casa de Tia Leontina, uma mulher especial e muito acolhedora. Minas Gerais seria perfeito se ali houvesse mar, mas como não tem, viajei 380 quilômetros até o estado vizinho, onde também tenho raízes familiares, mas que desta vez fui incógnita, sem procurar a família. Muito a contragosto, então, passei uns dias em Búzios.



João Fernandes da sacada do hotel


A península de Búzios é um sonho para qualquer um que goste de mar, seja para mergulhar ou simplesmente para olhar aquelas águas esverdeadas transparentes. Há praias para todos os gostos. O lado norte é abrigado e manso. Já o lado sul é adequado aos que gostam de pegar onda. A geografia é recortada, com belíssimas enseadas pontilhadas por barquinhos de pesca coloridos ou transatlânticos brancos poderosos. O relevo montanhoso e a mata completam o visual magnífico. Grande parte da estrutura viária da península é calçada em pedras, o que dá um charme especial. Há, também, bons restaurantes, bares e lojas. Enfim, embora a água seja fria, eu classifico como um paraíso. E olha que adoro água quente, acho que se me colocassem num caldeirão fervente eu pediria um sabonete!

Claro que, como em todo local turístico, existem as arapucas. Fujam do passeio de escuna. Se quiserem ter uma ideia do que é imaginem uma embarcação com cem pessoas – isto mesmo que vocês leram, CEM com C, e música, comida e bebidas de qualidade duvidosas. Nos pontos de mergulho, se havia algum peixe ou tartaruga devem ter fugido. Segundo meu querido Geovanni a visão dos “mergulhadores” lembrava um fosso de jacarés! Aceitem um conselho, façam o passeio de catamarã ou de barco-taxi, o simpático e agradável meio de transporte entre as praias do lado norte.

As minhas praias preferidas? As pequeninas: Ferradurinha, Azedinha, João Fernandinho e José Gonçalves. Não necessariamente nesta ordem. Queria ter ido à Olho de Boi, mas os recatados Geovanni e Silvana ficaram constrangidos de ir até lá, já que é uma praia de naturismo. Bobagem, ninguém te olha. Mas ficou para a próxima. Com certeza voltarei!



Azedinha

João Fernandinho

José Gonçalves

José Gonçalves

João Fernandes

Pôr-do-sol em João Fernandes

Ferradurinha

Pedras na Ferradurinha

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Potes de sorvete, vidros de azeitonas, caixas de ovos ......

Vinte potes vazios de sorvete. Dez vidros vazios de azeitonas, doces, etc. Trinta e cinco caixas vazias de ovos de codorna ou de galinha. Um pneu usado. Quatro mudas de árvores. Estes itens fazem parte da minha bagagem para a próxima viagem!?!?!?!?!?!

Antes que alguém pense que sou doidinha, devo dizer que sou filha de uma velhinha mineira. Acho que depois desta declaração pelo menos os goianos e os mineiros me entendem. Minha Mãe faz 84 anos agora em dezembro. Nasceu nos anos vinte em uma fazenda no interior de Minas. Portanto, esqueçam o que vocês leram em “Os anos loucos, Paris na década de 20”. Nada de dinheiro, arte, moda, festas, amores e drogas. A vida era duríssima. Osório e Luisinha, meu avô e minha avó, viviam numa fazenda e tiveram 11 filhos... eu já disse que não era Paris.... Minha Mãe e meus tios e tias estudavam na própria fazenda, quando havia uma professora disposta a encarar o desafio, ou seguiam para o vilarejo mais próximo. Iam a pé ou no máximo em carro de boi. Automóvel era algo impensável naqueles tempos e paragens. Alguns tinham missões especiais, como meu tio Ivan: ele devia diariamente pegar o jornal na estação de trem e levar para Seu Osório. E ai dele se esquecesse. Uma vez falou: “Paizinho (era assim que Seu Osório era chamado pelos filhos e netos), leia de novo o de ontem, que amanhã trago o de hoje.” Depois de levar uma corrida de cinto, voltou a pé três quilômetros de ida e três de volta para buscar o tal jornal!

E o que isso tem a ver com a lista lá de cima? Tudo, porque a vida era muito dura, vivia-se da terra e, neste contexto, tudo era útil. E minha Mãe casou-se, foi morar no Rio de Janeiro e depois veio para Brasília. Mas aquela “simplicidade” continuou em seu coração: “Minha filha, isto pode servir por lá”. Seja para fulano, beltrano, parente ou não, ela insiste. E, embora hoje a parte da família que ainda vive lá tenha acesso a todas as modernidades, é melhor não discutir. Insistência nessa idade é teimosia pura! Se você não acatar vira discussão ou chantagem! E eu, que nem nasci em Minas, mas me considero mineira - gosto de queijo, torresmo, linguiça e pernil - me rendo, até achando minha Mãe moderna, afinal o que ela propõe é uma forma de reciclagem!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Lençóis

Por que será que prendem os lençóis?
Pobres lençóis, com as pontas sempre esmagadas pelo peso dos colchões.
Vivem subjugados.
Quanta opressão!
Perdoem-me, mas, os meus, vou libertá-los à força.
Caros lençóis, juntem suas tramas, travem suas fibras e...
Vapt, vupt...
Ah, como é bom descobrir os pés no verão e embrulhá-los no inverno...

domingo, 22 de novembro de 2009

Piraíba (lenda?!?!?!?!)

São diversas as lendas amazônicas. A mais conhecida talvez seja a do boto cor-de-rosa. Ao anoitecer ele se transforma num lindo homem, seduz as moças e volta ao rio de madrugada, quando reassume sua forma de “peixe”. Quando alguma moça aparece grávida sem que se conheça o pai, diz-se que ficou grávida do boto.

Mas o que quero contar aqui é a lenda da piraíba. Ou melhor, contar uma estória que ouvi por lá. A piraíba é um “bagre” enorme, podendo pesar até 300 kg. Diz-se que ele é capaz de engolir um homem.

Conheci um barqueiro com não mais de trinta anos, vou chamá-lo de José, que contou o seguinte:

- Meu pai foi-se quando eu tinha seis anos.

Num primeiro momento, entendi que o pai do rapaz havia morrido quando ele tinha seis anos. Mas ele continuou, dizendo:

- Durante muitos anos não soube de meu pai.

Aí percebi que pai do rapaz havia abandonado a família. E ele relatou o seguinte:

- Tempos atrás, encontrei um senhor que afirmava ter conhecido meu pai. Então perguntei seu paradeiro, ao que o homem respondeu que não adiantava procurá-lo, porque meu pai havia desaparecido no rio, devorado pela piraíba.

Fiquei pensando que este episódio marcou o ponto final de uma procura, de uma história pessoal doída, que ainda o fazia falar com a voz embargada pela emoção. Lenda? Quem sabe? São os mistérios da natureza e das crenças dos ribeirinhos.

Tropical Hotel

O Tropical Hotel Ecoresort foi um dos primeiros, senão o primeiro resort do Brasil. Inaugurado em 1976 e com mais de 500 apartamentos, o hotel tem até orquidário e zoológico. É um ícone da hotelaria nacional. Pena que está precisando urgente de reformas e mudanças. O estado dos banheiros é sofrível. Os quartos ou tem piso de carpete, nada conservado, ou de tábua corrida que range todo o tempo. O restaurante com buffet é bastante variado, mas a comida não é boa, pelo menos não estava no dia em que comi por lá. O serviço também deixa a desejar. Então, eu e Silvana resolvemos usar o serviço a la carte e pedimos um creme de mandioquinha e uma massa com molho de tomate. O primeiro parecia um mingau de fubá e o segundo veio com um molho que era puro extrato de tomate. Além do já descrito, sai caro sair do hotel. Como eles dizem a corrida é tarifada (R$ 49,00 quase todas as corridas). Assim, gasta-se R$ 100,00 (ida e volta) apenas com transporte para ir ao Teatro, ao Bosque da Ciência ou a restaurantes como o Choupana. Talvez a hospedagem no Tropical Business seja melhor, já que o hotel é novo. Ele tem uma piscina maravilhosa debruçada sobre o Rio Negro. Mas o ecoresort não recomendo!