
Onde estão meus óculos? Conseguem imaginar uma senhora sem óculos? Não tentem, é um pesadelo. Sou prevenida, tenho três pares: um na bolsa, outro em casa e mais um reserva. Hoje aconteceu o que eu julgava impossível, perdi meus óculos. O primeiro deve estar dormindo no trabalho ou no carro, porque desapareceu da bolsa. O segundo, este escolheu descansar em algum lugar tão improvável, que não se acha. O terceiro, aquele reserva, descobri que está como estepe vazio, não serve para nada. Esqueci de trocar as lentes.
Ano passado, o oftalmologista me respondeu que minhas lentes não passariam de 3 graus. Este ano atingi a meta. Dele. E ele, o “oculista”, com lindos olhos azuis que ainda enxergam tudo, deu nova sentença: “não passarão de 3,50”. Só não tive um chilique, porque ainda enxergo aqueles olhos.
No computador sempre é possível aumentar a fonte. Vinte e quatro parece bom. Bom, mas vinte e seis é melhor. O problema é que cardápios, livros, jornais, enfim, estas coisas normais do nosso dia a dia, pelo menos em suas formas convencionais, ainda não atendem a comandos. Não adianta gritar: - Fonte vinte e oito!
E quando você quer se maquiar?
Tira os óculos.
Passa a base.
Põe os óculos.
Tá bom.
Tira os óculos.
Passa o pó facial.
Põe os óculos.
Ok.
Tira os óculos.
Passa a sombra.
Põe os óculos.
Satisfatório.
Tira os óculos.
Passa o lápis de olhos.
Põe os óculos.
Ainda precisa de retoque.
Tira os óculos.
Retoca o lápis.
Põe os óculos.
Agora está bom.
Tira os óculos.
Passa o rímel.
Põe os óculos.
Os olhos estão bons (a maquiagem). Mas uma corzinha nas bochechas cairia bem.
Põe os óculos.
Procura o pincel.
Tira os óculos.
Aplica o blush.
Põe os óculos.
Perfeito.
Só falta o batom.
Ufa, pelo menos agora não preciso tirar os óculos, eles não ficam na frente da boca.
Passa o batom.
Tira os óculos.
Analisa-se o efeito. Uma vez aprovado, você já está pronta para sair.
Ah, não se esqueça de levar um par.
Um retoque pode ser necessário.
Feita a maquiagem me diga como você paquera de óculos !?!?!? “Téte-à-téte” de óculos para “vista cansada”!?!?!?! Bem, isto é um capítulo à parte, que pretendo detalhar em outra ocasião, mas lembre-se do Herbert Viana: “Eu não nasci de óculos, eu não era assim, não!” E, se você vencer esta etapa, prepare-se para emoções mais fortes. A falta de óculos na intimidade é trágica! Acho que nem vou voltar a este tópico.... Ah! Um último comentário, caso vocês tenham trocado celulares. Você nunca sabe quem está ligando, mesmo que o remetente esteja na sua agenda. Você simplesmente não consegue enxergar o nome ! E até achar os óculos, o coitado do outro lado já desistiu a muito tempo.
Outro problema seriíssimo dos óculos para perto é puxá-los para a ponta do nariz e olhar para o interlocutor por cima da armação. Atenção, não adianta resistir, é instintivo. Você está lendo, alguém se aproxima e se dirige a você. Ou, você está trabalhando no computador e um colega te chama do outro lado da sala. O que você faz? Não dá para puxar a pessoa, então você puxa os óculos. Desconfio que aquelas rugas que aparecem no pescoço não são consequencia do envelhecimento, do sobrepeso ou daqueles nódulos na tireóide. São culpa da postura que os óculos provocam. Não tem jeito, você levanta os olhos, abaixa a cabeça e dobra o pescoço.
Bom, já é tarde, meu nariz está marcado, mas antes de terminar, lembro que eles podem ser objeto de fetiche para alguns. Passam uma aura de seriedade ou intelectualidade que tem seu charme. Pelo menos há esperanças, já que cirurgias seguras ainda não estão disponíveis.