Em primeiro lugar, o que vou escrever não tem pretensão jornalística, muito menos de análise. Aspectos culturais também não foram levados em consideração.
A mobilização dos iranianos, denunciando fraude no processo eleitoral, reivindicando mudanças e buscando formas de comunicar ao mundo o que acontece por ali, me sensibiliza. Me comove ver aquela luta desigual entre a população civil e a repressão armada.
Ahmadinejad, um ultraconservador que já ameaçou Israel, nega o holocausto, rechaça a fiscalização internacional às instalações nucleares do País, insiste em bloquear qualquer processo de abertura democrática e nega a concessão de direitos às mulheres, foi declarado vencedor com mais de 60% dos votos. O problema é que contra todas as evidências pré-eleitorais.
O Conselho de Guardiões, instância máxima no regime teocrático do Irã, não concorda com nova eleição, apesar das denúncias e dos protestos diários. Mas, com perfil urbano e mais instruído, os eleitores de Moussavi, ex-primeiro-ministro e candidato da oposição, continuam a protestar e a denunciar.
Em 1979, quando o aiatolá Khomeini liderou a oposição e derrubou o xá Reza Pahlevi, o Pacotão, irreverente bloco carnavalesco criado por jornalistas em Brasília, cantava o seguinte:
“Geisel você nos atolou
O Figueiredo também vai atolar
Aiatolá. Aiatolá,
Venha nos salvar
Que esse governo já ficou
Gagá, gagagageisel ....”
A música era ótima, o carnaval foi animadíssimo e o recado de mudança dado. Mas ainda bem que nosso socorro não eram os aiatolás!
Tomara que as negociações por lá cheguem a bom termo, que a história seja mais generosa com os iranianos daqui para a frente. Que os traumas e as mortes não tenham sido em vão.
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