sábado, 27 de fevereiro de 2010

Bogotá e savanas


De volta ao urbano frenético. São 8 milhões de habitantes. Estive em Bogotá há mais de quinze anos e agora encontrei a cidade com menos soldados armados e curti mais o Museu do Ouro, que continua estupendo, o centro histórico, Montserrat e as savanas, além de conhecer o Museu Botero, inaugurado em 2000. Fruto de uma doação do artista, lá estão reunidos desenhos, pinturas e esculturas de sua própria autoria, assim como as colecionadas por ele. Pode-se ver Renoir, Dalí, Chagall, Giacometti, Picasso, Miró, Bacon, Max Ernest, Calder e outros. Imperdível!

Outro lugar fantástico - em qualquer sentido que se dê, é a Plaza Bolívar. Ali, velando todos, Simon Bolívar, o libertador da América espanhola. Aquela praça é impressionante! E como eles cultivam sua história, contada em diversos painéis dispostos cronologicamente na alcadía, a prefeitura. Como bons latinos claro que são passionais. Uma das frases inscritas na praça: “Colombianos: as armas lhes deram independência, as leis lhes darão liberdade”.

A fachada do Congresso tomada por formigas, obra de Rafael Gomez Barrios, me pareceu num primeiro momento remeter ao romance Cem Anos de solidão, obra de Gabo (já estou íntima), em que a dinastia dos Buendia e Macondo, a cidade onde a fantástica estória é ambientada, se acabam com as formigas. Mas, nada disto, além de um protesto pela preservação dos monumentos históricos, é uma homenagem aos milhares de colombianos “desplazados”, obrigados a deixar suas regiões e suas casas pela violência do conflito interno do País. É uma denúncia dos dramas humanos. Linda a instalação!

O passeio às savanas de Bogotá foi especial. Primeiro fomos à Guatavita, a lagoa onde os índios adoravam Chie, a deusa da água, onde os Muíscas faziam suas cerimônias e muitas das obras expostas no Museu do Ouro foram recuperadas. A história dá conta de que a mulher do cacique o traiu e fugiu com seu filho, submergindo na lagoa. O cacique perdoou sua esposa e iniciou um ritual onde se jogavam ouro e esmeraldas e se faziam orações com o propósito de pedir à mulher prosperidade para seu povo. A imagem da mulher infiel do cacique é impressionante.

Na mesma região visitamos a Catedral de Sal de Zipaquirá, inaugurada em 1995. Esta é a segunda, já que a primeira foi interditada por motivo de segurança. Ao chegar ao espaço externo, Plaza del Minero, há uma escultura gigantesca. Nossa! Que mineiro! De
Araujo Santoyo, a escultura em homenagem a estes trabalhadores tão sacrificados é belíssima. A catedral é considerada a 1ª Maravilha da Colômbia e é devotada à Nossa Senhora do Rosario de Guasá, a padroeira do mineiros colombianos. Simbólica em demasia, ela acaba não agradando aos que buscam essencialmente religiosidade, mas o inusitado da localização, a engenharia, o projeto de iluminação, que amplifica a percepção dos ambientes, e as obras de arte fazem do lugar um espaço único. Alguns ambientes e obras de arte são inesquecíveis. Vejam a Pietá de Miguel Sopó, com os personagens bíblicos retratados com feições indígenas, o presépio em tamanho natural de Ludovico Consorte, “A Criação do Homem”, inspirada em Michelângelo, esculpida e assentada no piso da nave central, e a indescritível cúpula azul, onde se tem a sensação de se estar em outra dimensão. Ah, a acústica é fantástica! Os confessionários sequer podem ser usados, a não ser que se queira compartilhar os pecados com todos na Catedral!

Sem dúvida a Colômbia é um país com paisagens e história lindas. Cada vez gosto mais de conhecer a América Latina. Pena que nós brasileiros sejamos tão desinformados sobre nossos vizinhos!














2 comentários:

Ana Lígia disse...

Pois é, Lulu, eu tb tenho muita vontade de conhecer nossos vizinhos. Até agora só fui ao Chile. E adorei! É uma pena o que aconteceu por lá recentemente. É uma pena que aquele povo que ama tanto o seu país e vem se superando tenha que enfrentar essa tragédia.

Luisa Abreu disse...

Também fiquei muito triste de ver a situação dos chilenos. A Solange me disse que eles esperam este grande terremoto desde 2005 e se prepararam. Mas contra a força da natureza nem sempre se consegue sucesso. Tomara que as réplicas acabem logo, para que eles possam reconstruir o que foi destruído. Quando às perdas de vidas, que Deus console as famílias! Bjs