
Comecei a fumar muito cedo. Meu pai e meu irmão eram fumantes e naquela época o fumo não só era aceito socialmente, como era “glamourizado”. As companhias aéreas (pasmem!) distribuíam pequenas cigarreiras com quatro ou cinco cigarros. Foram estes os meus primeiros “amigos”. E eles me acompanharam por muitos e muitos anos. Éramos inseparáveis: eu e o tabaco.
Na década de oitenta ensaiei as primeiras traições ao “amigo”. Parei diversas vezes por curtos períodos, sendo que em uma das vezes fiquei um ano sem pitar.
Mas, como nos separamos de alguém que nos acompanha nos momentos felizes ou tristes, nas horas de trabalho ou lazer, em casa ou nas viagens? Não pensem que foi um erro chamar o cigarro de alguém, porque a companhia faz dele quase um confidente, um amigo, um amante. Ele se transfigura, tornando muito difícil nos afastarmos dele.
Aí, em 1999, veio o grande choque. Meu irmão recebeu o diagnóstico terrível: câncer na boca. Foi impressionante como consegui me libertar daquele suposto “amigo” imediatamente. O traiçoeiro!
Mas a vida segue, as experiências e fatos vão se sobrepondo e eu novamente caí em tentação. Foi à beira mar que comprei meu primeiro cigarro, depois de seis anos sem fumar, e acabei novamente imersa no vício.
Agora estou novamente sem fumar há 1 ano e 4 meses. Ok, eu confesso, dei uma escorregada lá em Floripa. Novamente à beira mar!
Longe de mim querer reprimir, mas como o Mansardas funciona como uma forma de pensar auto e alto, quero dizer que o melhor é não se associar ao tabaco. Mais uma vez, ele é traiçoeiro. No início te deixa enjoado, você abomina o cheiro que deixa no seu corpo, roupas, ambiente. Mas, depois, a química fala mais alto e te domina. E é um contrassenso, porque em geral começamos o vício na adolescência, fase onde mais reivindicamos liberdade e autonomia. Não aprendam. Se não for pela saúde, que seja porque, se antigamente havia charme no hábito de fumar, hoje é muito “working class”. Reparem!