quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Carmen Miranda


Acabei de ler a biografia de Carmen Miranda, escrita por Ruy Castro. Com as mortes de Michael Jackson e Heath Ledger na mídia, as vítimas mais recentes, é interessante saber o que aconteceu com ela.

Carmen foi triturada pela indústria americana de entretenimento. Houve período em que fazia de 5 a 7 shows diários de 20 minutos e, depois, ainda se apresentava em espetáculos noturnos. Foi no meio desta roda viva que ela desmaiou e foi medicada com as anfetaminas que jamais abandonaria. Começou com Benzedrine, passou para Seconal, Nembutal e há quem diga que chegou ao Demerol, “um narcótico à base de morfina e que, combinado com os barbitúricos, tinha o efeito sedativo de uma anestesia” (p. 446 da biografia).

Mas, apesar do enorme sucesso, a estrela que em 1945 chegou, segundo o fisco americano, a ser a mulher mais bem remunerada dos Estados Unidos, teve seu talento reconhecido apenas parcialmente. Mesmo depois de dominar o inglês, continuava dando entrevistas num “dialeto” mambembe, pois ficou prisioneira do rótulo que recebera, onde só cabia o papel de comediante matuta, que sequer sabia se expressar.

Ainda no âmbito profissional, era atormentada, também, pelas críticas veiculadas aqui no Brasil, onde era acusada de renegar suas origens, de estar americanizada.

Acrescente-se a tudo isto, o drama pessoal provocado pelo desejo de ser mãe, o que, dentro da hipócrita e puritana sociedade americana da época (?), só era possível dentro do casamento. Para não cair no ostracismo, ela chegou a fazer um aborto e para realizar o sonho casou-se com um arrivista, que não lhe deu o filho, mas legou-lhe o alcoolismo.

No fundo do poço e na tentativa de superar a depressão e a dependência provocadas por este quadro, Carmen chegou a recorrer a eletrochoques, o tratamento preconizado à época e ministrado a frio. A violência era tamanha que provocava amnésia no paciente.

Quanto desperdício de vida e talento! Carmen morreu em 1955, aos 46 anos.

Nenhum comentário: