
Sou da primeira geração de Brasília. Nasci aqui. Adoro viajar, conhecer pessoas e cidades, sejam elas metrópoles ou vilas. Mas a minha vida foi construída aqui e os comentários maldosos que fazem sobre Brasília me geram, no mínimo, grande desconforto. As pessoas misturam os escândalos políticos com a cidade. Embora ainda viva em grande parte do governo federal, Brasília já tem vida própria, com produção cultural e econômica. Não culpem os brasilienses pelas mazelas que assolam o País. Somos vítimas, tanto quanto os demais brasileiros, sejam do sul, sudeste, norte, nordeste ou centro-oeste. Os forasteiros que aqui chegam são enviados dos quatro cantos do País e não é justo que sejamos apontados e acusados por suas falcatruas e desmandos.Quase 50 anos atrás, um Presidente da República decidiu transferir a capital do Brasil para o interior. Os operários que para cá vieram buscavam uma oportunidade de vida ou a utopia de construir uma cidade a partir do nada. O superfaturamento buscavam os que já usufruíam das benesses do poder. Eu sou fruto do sonho. Portanto, não me imputem a responsabilidade ou as mazelas que advieram do sonho de meus pais.
Outros criticam a estética da cidade. O que posso dizer aos que assim se pronunciam quanto à arquitetura de Niemeyer, ao planejamento de Lúcio Costa e à arte de Athos Bulcão, Bruno Giorgi, Alfredo Ceschiatti, Burle Marx, Alfredo Volpe e outros é que aprendi a respeitar e reconhecer arte, mesmo que não seja o meu estilo favorito.
Cidade fria, sem esquinas? Minha esquina é o comércio da superquadra, onde encontro a padaria, o sapateiro, o jornaleiro, o mercado, o salão de beleza, o boteco, o restaurante e até o apontador do jogo do bicho!
As fotos que ilustram este post são de Flávio Cruvinel Brandão, um economista com alma de artista, que tem buscado os ângulos mais belos da natureza por aqui. É uma pequena amostra do que vocês podem ver no álbum completo de Flávio clicando aqui.


4 comentários:
Oi Lulu,
De volta ao blog? Senti sua falta. E sinto falta também de que se faça justiça ao valor que nossa cidade tem. E falo de sua essência. E não de seus políticos. Eles fazem parte, claro, mas temos mais que isso. E quem sabe um dia também não teremos representantes melhores? Vamos celebrar sim! Parabéns, Brasília!!! Quem não gosta daqui não experimentou de verdade!!!
Pois é, Aninha. Mas o preconceito persiste. Bom, até já melhorou um pouco. Pior eram as pessoas que vieram do Rio, que lá moravam onde Judas perdeu a segunda meia, tiveram todas as oportunidades aqui e ainda falavam mal. Bjs.
Lulusinha, teu texto é uma delicia e concordo com você. E é muito verdadeira a resposta ao comentário sobre aqueles que vêm da pqp e ainda reclamam do tamanho da piscina!!!!!!! Me emocionei com as fotos das arvores e das flores do F.Brandão, fiz cópia de várias fotos para matar a saudade da minha querida varandinha e suas Espatódias e Ipês. Beijo Lulu
Querida Lulu,
Que bom te "ouvir" aqui! As fotos do Flávio são lindas, não é?
Seu comentário é muito valioso por várias razões, mas não posso deixar de dizer aqui, para os que não te conhecem, que você é uma carioca do Jardim Botânico que nunca encarou Brasília como um exílio. Viveu as dificuldades e prazeres da cidade e construiu carinhos e amizades para toda a vida.
Quem disse que Brasília é fria?
Beijos grandes.
Luluzinha
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