segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Brasília (quase cinquentona)



Sou da primeira geração de Brasília. Nasci aqui. Adoro viajar, conhecer pessoas e cidades, sejam elas metrópoles ou vilas. Mas a minha vida foi construída aqui e os comentários maldosos que fazem sobre Brasília me geram, no mínimo, grande desconforto. As pessoas misturam os escândalos políticos com a cidade. Embora ainda viva em grande parte do governo federal, Brasília já tem vida própria, com produção cultural e econômica. Não culpem os brasilienses pelas mazelas que assolam o País. Somos vítimas, tanto quanto os demais brasileiros, sejam do sul, sudeste, norte, nordeste ou centro-oeste. Os forasteiros que aqui chegam são enviados dos quatro cantos do País e não é justo que sejamos apontados e acusados por suas falcatruas e desmandos.


Quase 50 anos atrás, um Presidente da República decidiu transferir a capital do Brasil para o interior. Os operários que para cá vieram buscavam uma oportunidade de vida ou a utopia de construir uma cidade a partir do nada. O superfaturamento buscavam os que já usufruíam das benesses do poder. Eu sou fruto do sonho. Portanto, não me imputem a responsabilidade ou as mazelas que advieram do sonho de meus pais.

Outros criticam a estética da cidade. O que posso dizer aos que assim se pronunciam quanto à arquitetura de Niemeyer, ao planejamento de Lúcio Costa e à arte de Athos Bulcão, Bruno Giorgi, Alfredo Ceschiatti, Burle Marx, Alfredo Volpe e outros é que aprendi a respeitar e reconhecer arte, mesmo que não seja o meu estilo favorito.

Cidade fria, sem esquinas? Minha esquina é o comércio da superquadra, onde encontro a padaria, o sapateiro, o jornaleiro, o mercado, o salão de beleza, o boteco, o restaurante e até o apontador do jogo do bicho!


O clima é quente e seco em uma parte do ano, é verdade. Mas temos, também, um período chuvoso. E a natureza do Brasil Central é linda!

As fotos que ilustram este post são de Flávio Cruvinel Brandão, um economista com alma de artista, que tem buscado os ângulos mais belos da natureza por aqui. É uma pequena amostra do que vocês podem ver no álbum completo de Flávio clicando aqui.





4 comentários:

Ana Lígia disse...

Oi Lulu,
De volta ao blog? Senti sua falta. E sinto falta também de que se faça justiça ao valor que nossa cidade tem. E falo de sua essência. E não de seus políticos. Eles fazem parte, claro, mas temos mais que isso. E quem sabe um dia também não teremos representantes melhores? Vamos celebrar sim! Parabéns, Brasília!!! Quem não gosta daqui não experimentou de verdade!!!

Luisa Abreu disse...

Pois é, Aninha. Mas o preconceito persiste. Bom, até já melhorou um pouco. Pior eram as pessoas que vieram do Rio, que lá moravam onde Judas perdeu a segunda meia, tiveram todas as oportunidades aqui e ainda falavam mal. Bjs.

Unknown disse...

Lulusinha, teu texto é uma delicia e concordo com você. E é muito verdadeira a resposta ao comentário sobre aqueles que vêm da pqp e ainda reclamam do tamanho da piscina!!!!!!! Me emocionei com as fotos das arvores e das flores do F.Brandão, fiz cópia de várias fotos para matar a saudade da minha querida varandinha e suas Espatódias e Ipês. Beijo Lulu

Luisa Abreu disse...

Querida Lulu,
Que bom te "ouvir" aqui! As fotos do Flávio são lindas, não é?
Seu comentário é muito valioso por várias razões, mas não posso deixar de dizer aqui, para os que não te conhecem, que você é uma carioca do Jardim Botânico que nunca encarou Brasília como um exílio. Viveu as dificuldades e prazeres da cidade e construiu carinhos e amizades para toda a vida.
Quem disse que Brasília é fria?
Beijos grandes.
Luluzinha