sexta-feira, 12 de março de 2010

Páginas em branco


Como preencher páginas em branco? Já li em algum lugar que não há nada mais difícil para um pintor do que uma tela em branco ou uma página vazia para um escritor. Meu ofício não é escrever, embora tenha inventado este blog, mas fico pensando que danado de difícil deve ser viver de criar, seja com as palavras ou com as tintas. Como imprimir cores ao que às vezes nem é tão colorido? Ou, como mostrar os meios-tons do preto e branco? Ou ainda, como retratar as cores que tomam de assalto nossa razão ou nossa emoção? Ganhei dois moleskines, aquele caderno chique, com ar retrô e folhas em creme suave, que segundo se diz era companheiro inseparável de Hemingway, Picasso e outros. Um é pautado com capa vermelha e outro é sem pauta com capa preta. Resolvi usar o segundo no trabalho, onde é mais fácil ou menos comprometedor preencher os espaços. O primeiro separei para o blog. Aqueles risquinhos me fazem não me sentir tão desamparada, tão só. E ele é vermelho. Tem cor mesmo que seja na capa. Tenho feito algumas anotações que podem ser objeto de algum relato ou reflexão. São ideias, vontades e até inspirações, mas sempre me perco em se e como desenvolver. Sinto-me compelida a retratar de uma ou de outra forma, enfatizando um aspecto ou outro, e acabo me perdendo no novelo no qual me enredo tentando ser explicadinha como sempre sou! Neste labirinto sinto-me puxada para todos os lados e acabo sucumbindo à impotência que me atinge. Sem saber de que forma me expressar, as páginas agora brancas do computador, onde tento dar forma à matéria bruta registrada no moleskine, permanecem vazias. Ainda bem que a crítica maior vem de mim mesma, que não tenho uma reputação artística a zelar. Consolo-me pensando que se fosse fácil criar teríamos muito mais obras de arte. E, assim, continuo anotando em meu moleskine...


sexta-feira, 5 de março de 2010

Evolução....

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Bogotá e savanas


De volta ao urbano frenético. São 8 milhões de habitantes. Estive em Bogotá há mais de quinze anos e agora encontrei a cidade com menos soldados armados e curti mais o Museu do Ouro, que continua estupendo, o centro histórico, Montserrat e as savanas, além de conhecer o Museu Botero, inaugurado em 2000. Fruto de uma doação do artista, lá estão reunidos desenhos, pinturas e esculturas de sua própria autoria, assim como as colecionadas por ele. Pode-se ver Renoir, Dalí, Chagall, Giacometti, Picasso, Miró, Bacon, Max Ernest, Calder e outros. Imperdível!

Outro lugar fantástico - em qualquer sentido que se dê, é a Plaza Bolívar. Ali, velando todos, Simon Bolívar, o libertador da América espanhola. Aquela praça é impressionante! E como eles cultivam sua história, contada em diversos painéis dispostos cronologicamente na alcadía, a prefeitura. Como bons latinos claro que são passionais. Uma das frases inscritas na praça: “Colombianos: as armas lhes deram independência, as leis lhes darão liberdade”.

A fachada do Congresso tomada por formigas, obra de Rafael Gomez Barrios, me pareceu num primeiro momento remeter ao romance Cem Anos de solidão, obra de Gabo (já estou íntima), em que a dinastia dos Buendia e Macondo, a cidade onde a fantástica estória é ambientada, se acabam com as formigas. Mas, nada disto, além de um protesto pela preservação dos monumentos históricos, é uma homenagem aos milhares de colombianos “desplazados”, obrigados a deixar suas regiões e suas casas pela violência do conflito interno do País. É uma denúncia dos dramas humanos. Linda a instalação!

O passeio às savanas de Bogotá foi especial. Primeiro fomos à Guatavita, a lagoa onde os índios adoravam Chie, a deusa da água, onde os Muíscas faziam suas cerimônias e muitas das obras expostas no Museu do Ouro foram recuperadas. A história dá conta de que a mulher do cacique o traiu e fugiu com seu filho, submergindo na lagoa. O cacique perdoou sua esposa e iniciou um ritual onde se jogavam ouro e esmeraldas e se faziam orações com o propósito de pedir à mulher prosperidade para seu povo. A imagem da mulher infiel do cacique é impressionante.

Na mesma região visitamos a Catedral de Sal de Zipaquirá, inaugurada em 1995. Esta é a segunda, já que a primeira foi interditada por motivo de segurança. Ao chegar ao espaço externo, Plaza del Minero, há uma escultura gigantesca. Nossa! Que mineiro! De
Araujo Santoyo, a escultura em homenagem a estes trabalhadores tão sacrificados é belíssima. A catedral é considerada a 1ª Maravilha da Colômbia e é devotada à Nossa Senhora do Rosario de Guasá, a padroeira do mineiros colombianos. Simbólica em demasia, ela acaba não agradando aos que buscam essencialmente religiosidade, mas o inusitado da localização, a engenharia, o projeto de iluminação, que amplifica a percepção dos ambientes, e as obras de arte fazem do lugar um espaço único. Alguns ambientes e obras de arte são inesquecíveis. Vejam a Pietá de Miguel Sopó, com os personagens bíblicos retratados com feições indígenas, o presépio em tamanho natural de Ludovico Consorte, “A Criação do Homem”, inspirada em Michelângelo, esculpida e assentada no piso da nave central, e a indescritível cúpula azul, onde se tem a sensação de se estar em outra dimensão. Ah, a acústica é fantástica! Os confessionários sequer podem ser usados, a não ser que se queira compartilhar os pecados com todos na Catedral!

Sem dúvida a Colômbia é um país com paisagens e história lindas. Cada vez gosto mais de conhecer a América Latina. Pena que nós brasileiros sejamos tão desinformados sobre nossos vizinhos!














San Andrés


Depois de Cartagena vieram as cores do Caribe, as sete cores do mar caribenho. Tons de verde e azul indescritíveis. É lindo olhar aquelas águas e delicioso mergulhar naquele mar que nos aquece e renova! E lá nos sentimos também mais próximas do reggae do que da rumba. Pois é, San Andrés pertence à Colômbia, fica mais próxima de Honduras e da Nicarágua, mas o ar é definitivamente jamaicano.

E por que pertence à Colômbia? Bem, San Andrés foi terra de piratas e dominada por diversos invasores (franceses, holandeses, ingleses), mas no início do século XIX foi doada pela coroa espanhola à Nueva Granada, o antigo nome da Colômbia. As casas tradicionais são de madeira e tem mobiliário semelhante ao nosso, como, por exemplo, cadeiras de palhinha.

Assim como Noronha no Brasil, existe sério problema de abastecimento de água, já que lá não há nascentes. Usa-se a água da chuva e dessalinizadores. Os forasteiros podem ficar por lá no máximo 3 meses, já que paraíso, Reserva Mundial da Biosfera, não combina com aumento populacional desenfreado. San Andrés tem a terceira maior barreira de corais do mundo, só perdendo para a da Austrália e a de Belize. Ainda conhecerei as duas.

Quando se fala em San Andrés pensa-se na ilha, mas na verdade é um arquipélago. Um passeio, que infelizmente não pude fazer, é às ilhas da Providência e Catalina. Não deixe de visitar o Acuário (lá vi um filhote de tubarão) e Johnny Kay, uma ilhota linda, onde você dá a volta em 15 minutos, pois ela só tem 1,5 km de circunferência. Haynes Cay fica ao lado do Acuário e é mais exclusiva. Se tiver tempo vá até lá.

Outro programa delicioso pode ser feito em toda a ilha com um carrinho de golfe. É barato e superdivertido. Com partida elétrica, acelerador, freio e uma chave “frente/ré” você faz todo o contorno da ilha parando onde quiser. O nosso chamava-se “Naranja Mecanica”. Quem diria que Stanley Kubrick acabaria no Caribe! Bom, tentamos o de cor laranja, mas estava sem combustível, então passeamos no azul. Vejam o possante nas fotos ao final!

Não deixe de comer no La Regatta e no El Recanto de La Langusta, onde está o bar Orgasmo Marino. Maravilhosos! A lagosta e o mar. Um verdadeiro orgasmo marinho, como o nome do bar!

Se gosta de compras, então não deixe de andar pelo centro. San Andrés é porto livre desde 1953. Mas, prepare-se, você vai se sentir em Foz do Iguaçu! Os sírios e libaneses controlam mais de 90% dos estabelecimentos comerciais. E cuidado, assim como eu, você pode acabar comprando o que não precisa e pagando mais caro.

E eu só precisava de uns azulejos com as cores daquele mar!!!!!!!!!!!













sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cartagena



Ando com um pouco de preguiça de escrever. Então, me perdoem se não detalhar tantas informações como em outras ocasiões.

O Centro Histórico de Cartagena é uma jóia caribenha! Como gostei de caminhar por aquelas vielas coloridas, preenchidas por história, arte, gente de todos os cantos e balcões com flores, muitas flores! Acho que Gabriel Garcia Marques, Gabo, como os colombianos o chamam, deve parte de sua inspiração àquele clima.

Fundada em 1533, Cartagena tem hoje quase 1 milhão de habitantes. É um dos grandes, senão o maior ponto turístico da Colômbia. Lá se pode visitar o Forte San Felipe - o maior das Américas, e, na “Ciudad historica”, museus (histórico, da inquisição, do ouro Zenú, das esmeraldas, etc), igrejas, lojas de artesanato e restaurantes maravilhosos. Dispersas pelo mesmo Centro podemos ver muitas esculturas de Edgardo Carmona, chamadas popularmente de “Las Chatarras” (ferro-velho). Temos também Gertrudis, a voluptuosa mulher de Botero, presença marcante na Plaza de San Domingo. A propósito, diz a crença popular que se deve tocar os seios de Gertrudis para se ter “largos amores”. Quando descobrimos isto, voltamos à Plaza para bolinar os seios da senhora. Afinal, sabedoria popular não se despreza jamais.

As “baianas” de Cartagenas (chamadas palenqueras) se vestem com roupas coloridas e vendem frutas tropicais carregadas em bacias na cabeça. Bom, acho que hoje em dia elas ganham mais dinheiro com as gorjetas dos turistas do que com a venda das frutas, mas é bonito vê-las andando pelas ruas.

Se você é animado, gosta de bagunça e tem bom-humor vá ao passeio de chiva. É uma espécie de jardineira (bancos em carroceria de caminhão) onde rola rumba, Pepsi, rum e um animador que convoca todos a rebolar em cima dos bancos. Apesar da fama das brasileiras, eu e minha amiga Kátia preferimos ficar incógnitas e acabamos desertando do passeio. Claro que depois de muitas risadas com a animação, principalmente, de argentinos e chilenos (acreditem!).

O mar de Cartagena nos decepcionou um pouco, já que esperávamos as cores do Caribe. Nem fomos à praia, exceto no passeio à Isla del Rosario, onde as cores do Caribe já estão presentes. Mas isto não diminuiu nosso encantamento com a cidade.

Só não escrevo mais, porque continuo com preguiça. Vejam algumas fotos feitas por mim ou por Kátia.






















sábado, 6 de fevereiro de 2010

Colômbia – história e mar


Cartagena, San Andrés e Bogotá são meus próximos destinos. Muita história e praia. Sigo domingo, 07/02, e, na expectativa, tenho visto imagens belíssimas. Mas deixo o suspense. Só ilustrarei o blog com minhas próprias fotos. Aguardem.

Cartagena – fundada em 1533 tem um centro histórico cercado de muralha com 8 km. Quero andar muito por aquelas ruelas com casas coloridas e balcões floridos.

San Andrés – ilha mais próxima da Nicarágua, mas que pertence à Colômbia. Mar com todas aquelas cores caribenhas.

Bogotá – rever o belíssimo Museu do Ouro e conhecer a Catedral de Sal.

Até a volta!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Imagine

Quando do assassinato de John Lennon, em dezembro de 1980, a revista Veja publicou traduções feitas por Millôr e Drummond para três poemas de Lennon. Uma palavra aqui outra ali fazem estas traduções mais ricas do que as feitas por pobres mortais como nós. Guardei a revista durante anos e ao procurá-la agora fiquei tristíssima. Abri armários, gavetas e baús e não consegui encontrá-la. Já dava as traduções como perdidas, até que me ocorreu checar o site da revista. Pois bem, elas estão lá, disponíveis no acervo digital. Agora felicíssima, coloco abaixo a versão de Millôr para Imagine. Vejam, também, o vídeo.

Imagine

Imagine que não há céu
É fácil, basta tentar
Nenhum inferno embaixo de nós
E, em cima, só firmamento
Imagine todo mundo
Vivendo pro dia de hoje.

Imagine não haver países
Não é difícil imaginar
Nada por que matar ou morrer
Nem religião também
Imagine todo mundo
Vivendo sua vida em paz.

Imagine não haver posses
Duvido que você possa
Sem lugar para a gula ou a fome, uma fraternidade do homem
Imagine todo mundo partilhando todo mundo
Você pode dizer que estou sonhando
Mas não sou o único não
Espero que um dia você se junte a nós
E o mundo será uma coisa só.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Haiti

Há pouco estávamos todos consternados com as tragédias que se abateram sobre o Brasil em consequência das chuvas. Certo é que não há como valorar ou comparar o infortúnio das famílias que choram suas perdas humanas e materiais. Mas, diante do terremoto no Haiti, nossa dor parece menor. Aqui haviam hospitais, escolas, igrejas, galpões para receber os feridos, desabrigados ou desalojados. Lá a população vaga sem rumo, completamente desamparada naquele cenário de horror. Aos problemas políticos, econômicos e sociais se somam as catástrofes naturais. E o Haiti, que se pensava virando devagar as páginas de uma história marcada por dificuldades, mergulha no mais sombrio dos futuros: aquele sem perspectivas. Espera-se que a comunidade internacional tenha sensibilidade para ajudar aquele povo tão sofrido.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Óculos do Drummond



E os óculos do Drummond foram roubados mais uma vez. É a sexta vez. O vândalo certamente é míope. Miopia cultural, artística e não aquela que se corrige com lentes. Agora nosso amigo, pobre Drummond, tão discreto em vida, será vigiado dia e noite.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Viajando

Estive viajando, por isso estava sumida. Andei curtindo minha mineirice e, também, tomando um banho de mar. Afinal, ninguém é de ferro! Nas Geraes encontrei a família e passei o Natal na casa de Tia Leontina, uma mulher especial e muito acolhedora. Minas Gerais seria perfeito se ali houvesse mar, mas como não tem, viajei 380 quilômetros até o estado vizinho, onde também tenho raízes familiares, mas que desta vez fui incógnita, sem procurar a família. Muito a contragosto, então, passei uns dias em Búzios.



João Fernandes da sacada do hotel


A península de Búzios é um sonho para qualquer um que goste de mar, seja para mergulhar ou simplesmente para olhar aquelas águas esverdeadas transparentes. Há praias para todos os gostos. O lado norte é abrigado e manso. Já o lado sul é adequado aos que gostam de pegar onda. A geografia é recortada, com belíssimas enseadas pontilhadas por barquinhos de pesca coloridos ou transatlânticos brancos poderosos. O relevo montanhoso e a mata completam o visual magnífico. Grande parte da estrutura viária da península é calçada em pedras, o que dá um charme especial. Há, também, bons restaurantes, bares e lojas. Enfim, embora a água seja fria, eu classifico como um paraíso. E olha que adoro água quente, acho que se me colocassem num caldeirão fervente eu pediria um sabonete!

Claro que, como em todo local turístico, existem as arapucas. Fujam do passeio de escuna. Se quiserem ter uma ideia do que é imaginem uma embarcação com cem pessoas – isto mesmo que vocês leram, CEM com C, e música, comida e bebidas de qualidade duvidosas. Nos pontos de mergulho, se havia algum peixe ou tartaruga devem ter fugido. Segundo meu querido Geovanni a visão dos “mergulhadores” lembrava um fosso de jacarés! Aceitem um conselho, façam o passeio de catamarã ou de barco-taxi, o simpático e agradável meio de transporte entre as praias do lado norte.

As minhas praias preferidas? As pequeninas: Ferradurinha, Azedinha, João Fernandinho e José Gonçalves. Não necessariamente nesta ordem. Queria ter ido à Olho de Boi, mas os recatados Geovanni e Silvana ficaram constrangidos de ir até lá, já que é uma praia de naturismo. Bobagem, ninguém te olha. Mas ficou para a próxima. Com certeza voltarei!



Azedinha

João Fernandinho

José Gonçalves

José Gonçalves

João Fernandes

Pôr-do-sol em João Fernandes

Ferradurinha

Pedras na Ferradurinha