domingo, 22 de novembro de 2009

Anavilhanas Jungle Lodge



Não gosto da denominação “hotel de selva”. Prefiro “hotel de floresta”. Acho que, além de mais poético, reflete melhor o propósito dos hotéis e dos hóspedes de integração com a natureza. Mas o hotel escolhido chama-se Anavilhanas Jungle Lodge. Então, vamos a ele, porque recomendo com muitas estrelinhas.

O traslado é um pouco cansativo, mas nada que comprometa a magia da viagem. O hotel fica próximo ao município de Novo Airão. Primeiro faz-se a travessia de balsa do Rio Negro, em Manaus, e depois viaja-se em estrada de asfalto por mais 176 km. Os portos da travessia são precários, assim como as balsas – malcuidadas, sujas e nada cheirosas. Estão construindo uma ponte, objeto de muitas controvérsias (haverá um post só para ela). É possível ir de hidroavião, se você tiver dinheiro e quiser se aventurar em um monomotor sobre o rio e a floresta.

O lodge foi inaugurado em 2007, portanto é novo, e desde o mês passado faz parte da lista do Roteiro dos Hotéis de Charme. Hoje são apenas 16 apartamentos, o que permite um atendimento acolhedor. Estão construindo mais 10, com TV a cabo e banheira para atender a demanda estrangeira, e nada mais. Eles não pretendem se transformar em um resort com 300 quartos como o Ariaú. A decoração é rústica e de bom gosto, combinando perfeitamente com o ambiente. A piscina e o redário são uma delícia, os apartamentos são confortáveis, e receptivo, guias e barqueiros gentis e preparados.Afinal, onde você pensa que vai encontrar um guia italiano conhecido como Moreno, que faz focagem de animais e pescaria de piranhas? Ou um filho de indiano com índia ianomâmi chamado Krishna que se orgulha de já ter passado 41 dias na selva em treinamento de sobrevivência? E há outros exemplos, o staff é realmente diferente. A comida é simples, mas saborosa e, importante, sempre nos apresentando os sabores da região. Que tal um pirarucu (o bacalhau brasileiro), tucunaré, tambaqui ou baião de dois amazonense, acompanhados de banana pacovan, de arroz com jambu ou de tucuman. Vai um cheesecaboclinho (simpático nome do sanduíche de queijo, tucuman e banana pacovan)? Ou um suco de taperabá (igualzinho cajá)? E uma caipirinha de cupuaçu?

Os passeios são agradáveis e divertidos. Percebe-se claramente, também, a preocupação com o meio ambiente e a segurança. Na focagem avistamos martim pescador, garça, jacaré, preguiça, cobra, socó... impressionante os olhos treinados do Moreno. Ele passa a lanterna pelas margens e árvores e só vai apontando os animais. Simples assim!

Para quem tem medo de animais, pode acontecer de aparecer algum no quarto para te visitar, mas no meu caso só apareceu um grilo. Grande é verdade, mas sempre um grilo. E, importantíssimo, reiterando, não há pernilongos.



2 comentários:

Ana Lígia disse...

Que delícia, Luísa! Mas eu ainda tenho um pouco de dúvidas... acho que vale muito à pena... mas eu tenho medo até de barata... Se for só um grilo... aí tudo bem!

Luisa Abreu disse...

Não tenha medo! Lá eles tem uma equipe de "super-heróis" para espantar os insetos/animais que preferem o conforto do ar condicionado!