domingo, 22 de novembro de 2009

Manaus

Prepare-se para um calor de derreter! Mas a população transforma tudo em calor humano! Os amazonenses são de uma simpatia e cortesia encantadoras. Nas ruas, nos taxis, nos hotéis, nas lojas todos são gentis, educados e estão sempre dispostos a ajudar e informar.

Impressionou-me, também, o turismo altamente profissional. Guias com conhecimento do que apresentam e fluentes em inglês, espanhol, francês, alemão. Alguém pode dizer que se não fosse assim os turistas estrangeiros, principais visitantes da região, não viriam. Eles viriam de qualquer forma, mas houve investimento em formação de mão de obra para o setor. Não sei se com o apoio do estado ou com esforço puramente pessoal, mas houve qualificação.



Quando estiver por lá, não deixe de visitar o Teatro Amazonas, o monumento que melhor representa a riqueza do período áureo da borracha. Bom, a riqueza dos barões da borracha. Os seringueiros, estes eram espoliados. Salve Chico Mendes, que trabalhou arduamente pela defesa da floresta e dos povos que a habitam! Mas, voltando ao teatro, ele foi inaugurado em 1896. São 700 lugares em uma estrutura metálica de ferro fundido. Quem executou ou encomendou a decoração e as obras de arte do teatro foi Crispim do Amaral, um pernambucano de nascimento que estudou em Paris. Foi Crispim quem pintou o pano de boca da sala de espetáculos, que representa o encontro das águas e sobe inteiro até a cúpula, sem ser amassado ou dobrado. A cúpula arrendondada é revestida com 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, importadas da Alsácia. Observe que as cores são as nossas cores, do Brasil. No teto central um lustre de bronze, circundado por alegorias à música, ao drama e à tragédia, além de uma homenagem a Carlos Gomes. O salão nobre é inteiramente revestido por painéis de Domenico Angelis, representando motivos regionais e ilustrações do romance O Guarany. Os portais são todos em mármore e o assoalho é um lindo trabalho de marchetaria confeccionado com madeiras da região. Os candelabros são de Murano.

No mesmo dia, visitei o antigo Quartel da Política Militar (ou Palacete Provincial) e a Praça da Polícia. Ambos passaram por um belo trabalho de restauração. O edifício do quartel abriga hoje, dentre outras atrações, a Pinacoteca do Estado, o Museu da Imagem e do Som e o Museu de Numismática. A Pinacoteca conta com o acervo Thiago de Mello, doação do poeta amazônico.

O porto de Manaus, projetado e construído pelos ingleses em 1902 para escoamento da produção da borracha, é uma obra de engenharia desafiadora, porque o desnível entre a enchente e a vazante pode chegar a 15 metros. A flutuação permite a atracação de embarcações em qualquer época do ano.


O Encontro das Águas é um fenômeno impressionante e um passeio clássico para os que vem a Manaus. Os rios Negro e Solimões correm juntos sem que suas águas se misturem por quilômetros. Ele acontece pelas diferenças de densidade, temperatura e velocidade das águas. Existe um movimento para que seja declarado patrimônio, já que a proposta de construção de um grande porto de contêineres na região o coloca em risco.

Não deixe de ir, também, ao Bosque da Ciência, que pertence ao Instituto de Pesquisas da Amazônia e é um santuário de plantas e animais amazônicos, dentre eles os peixes-boi da Amazônia ou de água doce. Mansos, com carne apreciada e reprodução lenta - apenas um filhote por gestação de um ano, eles entraram na lista de ameaçados de extinção. No Bosque, os animais resgatados são cuidados, passam por reabilitação e quando alcançam condições são devolvidos à natureza. Todo o processo está sob a responsabilidade do Laboratório de Mamíferos Aquáticos, que este ano devolveu dois exemplares aos rios. Pesquisa-se, também, a reprodução em cativeiro. Ali nasceu Erê, em 1998, o primeiro filhote concebido e nascido em cativeiro. Pois foi lá que dei mamadeira a um filhote. Pensem numa pessoa feliz, era eu! Foi uma emoção indescritível!


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